quarta-feira, 4 de junho de 2008
A proposta do ELAC não ajuda a luta dos trabalhadores e dos povos latino-americanosNós, que assinamos esta declaração, já manifestamos em várias oportunidades que consideramos um erro da direção que hoje hegemoniza a CONLUTAS a iniciativa de realizar, após o Congresso da entidade (julho de 2008), uma reunião de sindicalistas latino-americanos, denominada Encontro Latino Americano e do Caribe (ELAC).A forma como foi concebido e convocado esse evento não possibilita que qualquer passo para somar forças e avançar na direção da necesária unificação da vanguarda sindical brasileira seja dado. Acreditamos que este Encontro está muito distante de ajudar na organização da luta dos trabalhadores e povos latino-americanos e, pelo contrário, põe a CONLUTAS do lado de setores que, em nome da pureza socialista, fazem o jogo de interesses da direita.Isto porque os objetivos que o PSTU (corrente que tem maioria no CONLUTAS) tem proposto ao ELAC vão na contramão dos processos mais avançados das lutas e dos movimentos antiimperialistas que ocorrem na América Latina.Desde o fim dos anos 1990, nosso continente inquietou-se com as lutas populares, democráticas e antiimperialistas que fizeram retroceder a política do de dominação que pretendia impôr a ALCA. Nos países onde a luta foi mais aguda, surgiram novos governos que se contrapõem ao Imperialismo e que romperam com a agenda neoliberal; na Bolívia, no Equador e na Venezuela avançou-se com processos de novas Assembléias Constituintes e nacionalizações de empresas. A única orientação possível para os trabalhadores é a de estar do lado dos governos para resistir aos ataques sistemáticos que fazem a direita e o imperialismo, buscando desgastá-los e derrubá-los e apoiar suas medidas progressivas, mantendo a independência e demonstrando quando existem incoerências.Mas para os organizadores, segundo a primeira declaração do ELAC, a política é outra. Todos os governos da América Latina estão a serviço do imperialismo. Dizem que “todos os países estão submetidos ao imperialismo” sem ver as gritantes diferenças que existem entre os processos venezuelano, boliviano e equatoriano e os demais. Pretendem fazer do ELAC uma “coordenação dos trabalhadores latino-americanos, que lute contra as políticas neoliberais do imperialismo no continente”, mas ignoram os enfrentamentos reais que ocorrem na América Latina e que tem colocado de um lado o imperialismo, as classes dominantes, os governos lacaios e de outro estes governos particualrmente o da Venezuela especialemente, quando tomam medidas de nacionalizações.Foi assim quando Chávez não renovou a concessão da televisão RCTV (a Rede Globo Venezuelana) , cúmplice da direita e do golpe de Estado organizado pelos EUA em 2002, avançando na nacionalização dos meios de comunicação. Nesta oportunidade uma campanha internacional foi organizada para denunciar a não renovação e a Rede Globo brasileira foi o instrumento local desta campanha. O PSTU esteve do mesmo lado que a Rede Globo, contra a medida de Chávez. A CONLUTAS não se pronunciou sobre este fato de enorme importância, ou seja, seu silêncio seguiu os passos da reação.Na campanha do Referendo para aprovar a nova Constituição Venezuelana, um novo movimento contrário foi desencadeado pela direita e o imperialismo. O PSTU, mais uma vez, fez parte da posição reacionária. Apoiou as mobilizações dos estudantes direitistas, considerando- o um movimento democrático por princípio. Este fato foi tão grave que o renomado intelectual James Petras, que apoiou o PSTU por muito tempo e esteve na fundação da CONLUTAS, rompeu publicamente e denunciou o apoio financeiro da direita aos estudantes venezuelanos.A justificativa para esta política pode ser econtrada na primeira convocatória para o ELAC, redigida pelo PSTU. Nela é sustentado o argumento de que o governo Chávez, cada vez mais, enfrenta e reprime os trabalhadores. Essa afirmação é feita quando ocorreu a nacionalização da SIDOR, em 1º de maio de 2008, uma das maiores siderúrgicas da América Latiana (que tem capitais argentinos, italianos e, inclusive, brasileiros através da USIMINAS). Os venezuelanos comemoraram uma vitória histórica sobre o capital internacional, alcançada graças à luta dos trabalhadores e a política adotada pelo governo Chávez. Toda imprensa internacional combateu, com todo o rancor e o ódio de classes que lhe são típicos, esta nacionalização feita pelo governo Chávez.A única posição correta que os trabalhadores brasileiros podem adotar é a de apoiar o processo de nacionalização da SIDOR, e a forma como estão levando o processo adiante os trabalhadores sidorianos e o governo bolivariano. Da mesma forma, temos que apoiar as nacionalizações que acontecem na Venezuela, na Bolívia e no Equador, que é o oposto do que ocorre nosso país onde, infelizmente, se aprofunda a desnacionalização sem que os trabalhadores e o povo possam impedir.Na política não existe o vazio! Quando nosso continente vive uma luta política acirrada é impossível não ter lado. Quem não se posiciona frente às lutas concretas contra o imperialismo, termina caindo do lado oposto, como tem acontecido com o PSTU. Quem não se pronuncia nestas lutas cruciais e formula generalidades para marcar posição, como a nacionalização sem indenização ou o não pagamento da dívida, e pretende que essas sejam palavras de ordem para coordenar a luta na América, termina fazendo o coro com a burguesia.Além destas diferenças substanciais sobre a situação latino-americana temos diferenças sobre o papel da CONLUTAS. A CONLUTAS, no nosso entendimento, é um instrumento amplo e de massas e não de um único partido. A realização do encontro internacional da LIT (organização internacional do PSTU) dois dias depois do ELAC, na mesma cidade, demonstra exatamente essa política de transformar instrumentos legítimos de amplos setores em aparato a serviço da política de um partido que, como temos visto, caracteriza- se por ser contra o processo bolivariano. Não aceitamos um encontro cuja essência é por-se contra o processo bolivariano, posicionando- se objetivamente do lado da reação e do imperialismo. A política do CONLUTAS de criar uma pseudo-unidade internacional pode mesmo é estar criando uma precoce divisão nacional. O ELAC é uma imposição inoportuna diante de um momento tão importante que estamos vivenciando na CONLUTAS, que deveria e poderia sair mais fortalecida de seu I Congresso Nacional, não se desviando de sua tarefa principal que é buscar construir a reorganização do movimento sindical brasileiro e aproveitar os ventos favoráveis que se abrem na unidade com a INTERSINDICAL.Estas são as razões pelas quais nos pronunciamos contra o Encontro tal como tem sido concebido e como está sendo executado.AssinamMTL, Poder Popular (PSOL), MAS(CCLCP), MES(PSOL) MES/Coordenação dos educadores Socialistas do sul e Sudeste do Pará-(CDESSS/PA)
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